Estou sendo
aturdido hoje pelo excesso de temas: três de comemorações (Dia Nacional de Luta contra a Violência à
Mulher, 10 de outubro; Dia Nacional do Deficiente Físico, 11; Dia da Criança,
12) e dois de luto.
Comecemos
pelas datas comemorativas. Parece-me que a violência contra a mulher carrega um
substrato psicológico que a precede: a ideia de superioridade do homem. Se o
homem é superior, ele tem o direito de mandar, exigir, submeter, cabendo à
mulher o dever de aceitar sua inferioridade. Se a mulher resiste a essa
subordinação não resta ao homem outra alternativa senão impor sua vontade à
força. A Constituição determina que homens e mulheres sejam iguais, mas a
realidade social está longe desta estipulação.
No Dia Nacional do Deficiente
Físico fixemos nossa atenção numa categoria de deficiente, o surdo-mudo. A
mudez é quase sempre oriunda da surdez, mas pode ter outras causas.
Antigamente, o surdo-mudo contava apenas com o recurso dos sinais para exprimir
o pensamento. O pedagogo belga Herli criou um método que consiste em captar a
palavra do interlocutor através da observação dos lábios que a transmitem. A
educação do deficiente deve ser uma prioridade ética.
Vamos agora refletir sobre
o Dia da Criança. Podemos julgar uma sociedade pelo zelo que essa sociedade tem
para com a criança. Brecht, na peça “O Círculo de Giz”, figurou a disputa pela guarda de uma
criança. A mãe que puxasse primeiro a criança para fora do círculo ganharia a
causa. Mas uma das mães soltou o braço da criança para que ela não se
machucasse. A essa Mãe foi confiada a guarda porque “pessoas e coisas devem
pertencer a quem lhes tenha amor”. Brecht consagrou o direito ao amor como o
maior direito da criança.
Devo registrar por fim dois lutos.
A Academia Espírito-Santense de Letras prestou homenagem ante-ontem a
Athayr Cagnin, recentemente falecido. Grande poeta, credor dos louros acadêmicos,
Athayr foi um ser humano admirável, simples, solidário, íntegro.
A Academia Calçadense de Letras prestará tributo depois de amanhã ao
Jornalista José Costa, nascido na cidade-sede dessa academia. Se vivo fosse, José
Antônio de Figueiredo Costa estaria comemorando 80 anos. Homem de grande
inteligência, caráter inquebrantável, jornalista arguto, tinha certamente informações.
Sua morte, segundo tudo indica, foi uma queima de arquivo, mas não ficou
devidamente esclarecida.
João Baptista Herkenhoff é professor da Faculdade Estácio de Sá do
Espírito Santo e escritor. E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br Homepage: www.jbherkenhoff.com.br Autor de: Curso de Direitos Humanos (Editora Santuário,
Aparecida, SP).
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