A Polícia Federal (PF) indiciou nesta segunda-feira Marcelo
Odebrecht, presidente da maior empreiteira do país, que leva o nome de
sua família, e mais sete executivos investigados pela Operação Lava
Jato. Eles são suspeitos de praticar os crimes de corrupção ativa e
passiva, lavagem de dinheiro, formação de cartel, fraude a licitação e
organização criminosa.
Foram indiciados os executivos: Rogério Santos de Araújo, Marcio
Farias da Silva, Cesar Ramos Rocha, Celso Araripe de Oliveira, Eduardo
de Oliveira Filho, João Antonio Bernardi Filho e Alexandrino Ramos de
Alencar - este último afastou-se da empresa.
PF indicia presidente da Andrade Gutierrez e mais 8
O delegado Eduardo Mauat também pediu a manutenção da prisão
preventiva de cinco desses executivos, entre eles Marcelo Odebrecht e
Alexandrino Alencar. A PF usou contra Marcelo Odebrecht um depoimento em
que o dono da empreiteira afirma que "continua confiando nos seus
companheiros, ou seja, nos executivos que foram detidos, acreditando na
presunção de inocência dos mesmos".
"Entendemos, que a partir dessa fala, no cotejo com os demais
elementos carreados, Marcelo Odebrecht aderiu de forma inconteste às
condutas imputadas aos demais investigados, considerando que delas
detinha pleno conhecimento", afirma o delegado. "Além do caso específico
das sondas, o material trazido aos autos aponta para o seu conhecimento
e participação direta nas condutas atribuídas aos demais investigados,
tendo buscado, segundo se depreende, obstaculizar as investigações."
E-mail - A PF afirma que Marcelo Odebrecht "não
apenas tinha pleno conhecimento das irregularidades que envolviam o
Grupo Odebrecht, como pretendia adotar uma postura de confronto com a
Operação Lava Jato". O delegado analisou o conteúdo do bilhete
manuscrito em que o dono da empreiteira determina a "destruição de
e-mails", após ter sido preso. A PF contesta o argumento da Odebrecht,
segundo quem não faria sentido mandar destruir provas já obtidas pelos
investigadores. "Observamos que a destruição de e-mails relativos às
sondas poderia ser aplicada à caixa de e-mails do mesmo titular, Roberto
Prisco Ramos, cujos arquivos ainda não haviam sido entregues na data em
que Marcelo Odebrecht teria dado a ordem aos seus advogados".
Segundo os investigadores, ficou provado que Rogério Araújo realizou
transações financeiras em espécie para o Reginaldo Fipli (já morto) e
que ele "comandava os depósitos" realizados pelo operador Bernardo
Freiburghaus nas contas no exterior dos ex-diretores da Petrobras Paulo
Roberto Costa (Abastecimento) e Nestor Cerveró, ambos já condenados em
ações penais da Lava Jato.
Os policiais federais também concluíram que existem elementos que
provam o "envolvimento de Alexandrino Alencar em relação ao contrato de
nafta da Braskem". A empresa ganhou um aditivo contratual para vender o
insumo petroquímico à Petrobras por meio do pagamento de propina a Paulo
Roberto Costa e políticos do PP, como o ex-deputado José Janene e o
ex-assessor João Cláudio Genú. Segundo Paulo Roberto Costa, a compra,
mesmo desvantajosa, foi aprovada mediante o pagamento de propina em
contas na Suíça, "na ordem de 3 a 5 milhões de dólares por ano, em
média, o que teria ocorrido entre 2006 e 2012".
Vitória - A PF salienta que o grupo se utilizava
sobretudo de operações no exterior para o pagamento de propina, de modo a
dificultar o rastreamento do dinheiro, mas chama a atenção para
irregularidades detectadas em obras da Petrobras em Vitória, no Espírito
Santo. Em acordo de delação premiada, o executivo da Camargo Corrêa
Eduardo Leite, condenado nesta segunda a quinze anos e dez meses de
prisão, detalhou irregularidades nas obras do centro administrativo da
Petrobras em Vitória.
Leite afirmou à PF que solicitou ao Diretor de Óleo e Gás da
construtora, Paulo Augusto Santos da Silva, uma auditoria a partir das
irregularidades apontadas pela Lava Jato. Santos, então, apresentou ao
executivo dois contratos firmados entre o consórcio OCCH, composto pelas
empresas Odebrecht, Camargo Corrêa e Hochtief, que teriam como
finalidade o pagamento de propina a Celso Araripe, gerente local das
obras. Um deles, no valor de 1,8 milhão de reais, teve como
justificativa serviços de consultoria. "Verifica-se, então, o
recebimento de recursos significativos por funcionário da Petrobras e
seus familiares, que teriam origem na SulBrasil, empresa contratada pelo
consorcio OCCH, pairando também indícios de que nenhum serviço fora
prestado pela terceirizada", diz a PF no relatório.
0 Comments:
Postar um comentário
1. O Blog em Destaque reserva-se o direito de não publicar ou apagar acusações insultuosas, mensagens com palavrões, comentários por ele considerados em desacordo com os assuntos tratados no blog, bem como todas as mensagens de SPAM.