Eu conto como são as coisas. O juízo fica com vocês. As indústrias de vazamentos, montadas para destruir reputações, seguem uma lógica, um ritual. A sequência costuma ser esta:
1: Primeiro se noticia que alguém diz que Fulano está envolvido;
2: na sequência, aparecem os indícios mais sérios de envolvimento com coisa da pesada;
3: havendo a reação do alvo, negando a acusação, surgem uma segunda, uma terceira e uma quarta evidências ainda mais fortes;
4: espera-se que o acusado diga que não fala mais do assunto; que só seus advogados vão se manifestar;
5: aí vem a porrada para desmoralizar: aparece uma evidência de que dinheiro sujo, não declarado, suspeito (e variantes) pagou despesas exóticas, que denunciam a esquisitice do alvo ou seu divórcio com o povo.
Vejam o que aconteceu com Fernando Collor. Vejam o que está acontecendo com Eduardo Cunha. A experiência indica que essa dinâmica só se conclui com a renúncia do indigitado, quando menos, ao cargo, como aconteceu com Renan Calheiros em 2007. Sim, ele voltou à Presidência do Senado.
Por que estou escrevendo isso? A Folha informa que, segundo dossiê entregue pelo Ministério Público da Suíça à Procuradoria-Geral da República, Cláudia Cruz, mulher de Cunha, “pagou despesas com dois cartões de crédito e até uma famosa academia de tênis na Flórida (EUA)”.
Informa ainda o jornal: “Segundo os investigadores, o dinheiro é fruto de propina da Petrobras, mais especificamente de um contrato de US$ 34,5 milhões da estatal relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na África”.
A reportagem vai além: “Segundo dados do banco Julius Baer, os recursos foram movimentados na conta com nome fantasia KOEK, que está em nome da jornalista, entre 2008 e 2015, e tem uma das filhas do deputado como dependente. Essa conta tinha 146,3 mil francos suíços e foi bloqueada pelo Ministério Público da Suíça em 17 de abril de 2015, um mês após a Polícia Federal deflagrar a Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras”.
Retomo
Olhem aqui: saber se o dinheiro deriva ou não de falcatruas na Petrobras, neste exato momento, nem é tão relevante. Ainda que fosse da venda do apartamento de uma tia, o fato é que o deputado havia negado a existência dessas contas. Se da Petrobras, pior.
É preciso saber a hora se dizer: “Não dá mais”.
E, convenham, não dá mais.
É escandalosamente claro, reitero, que o Ministério Público Federal fez de Eduardo Cunha seu alvo principal. É absurdo, sim, que seja ele a personagem política principal do petrolão. Mas isso não elimina as evidências das contas na Suíça.
A gente até pode começar a indagar se o país pode ter um MPFR que seleciona alvos. E a minha resposta é: “não”! Mas não podemos ter um presidente da Câmara com contas secretas na Suíça.
Por Reinaldo Azevedo
1: Primeiro se noticia que alguém diz que Fulano está envolvido;
2: na sequência, aparecem os indícios mais sérios de envolvimento com coisa da pesada;
3: havendo a reação do alvo, negando a acusação, surgem uma segunda, uma terceira e uma quarta evidências ainda mais fortes;
4: espera-se que o acusado diga que não fala mais do assunto; que só seus advogados vão se manifestar;
5: aí vem a porrada para desmoralizar: aparece uma evidência de que dinheiro sujo, não declarado, suspeito (e variantes) pagou despesas exóticas, que denunciam a esquisitice do alvo ou seu divórcio com o povo.
Vejam o que aconteceu com Fernando Collor. Vejam o que está acontecendo com Eduardo Cunha. A experiência indica que essa dinâmica só se conclui com a renúncia do indigitado, quando menos, ao cargo, como aconteceu com Renan Calheiros em 2007. Sim, ele voltou à Presidência do Senado.
Por que estou escrevendo isso? A Folha informa que, segundo dossiê entregue pelo Ministério Público da Suíça à Procuradoria-Geral da República, Cláudia Cruz, mulher de Cunha, “pagou despesas com dois cartões de crédito e até uma famosa academia de tênis na Flórida (EUA)”.
Informa ainda o jornal: “Segundo os investigadores, o dinheiro é fruto de propina da Petrobras, mais especificamente de um contrato de US$ 34,5 milhões da estatal relativo à compra de um campo de exploração em Benin, na África”.
A reportagem vai além: “Segundo dados do banco Julius Baer, os recursos foram movimentados na conta com nome fantasia KOEK, que está em nome da jornalista, entre 2008 e 2015, e tem uma das filhas do deputado como dependente. Essa conta tinha 146,3 mil francos suíços e foi bloqueada pelo Ministério Público da Suíça em 17 de abril de 2015, um mês após a Polícia Federal deflagrar a Operação Lava Jato, que investiga o esquema de corrupção na Petrobras”.
Retomo
Olhem aqui: saber se o dinheiro deriva ou não de falcatruas na Petrobras, neste exato momento, nem é tão relevante. Ainda que fosse da venda do apartamento de uma tia, o fato é que o deputado havia negado a existência dessas contas. Se da Petrobras, pior.
É preciso saber a hora se dizer: “Não dá mais”.
E, convenham, não dá mais.
É escandalosamente claro, reitero, que o Ministério Público Federal fez de Eduardo Cunha seu alvo principal. É absurdo, sim, que seja ele a personagem política principal do petrolão. Mas isso não elimina as evidências das contas na Suíça.
A gente até pode começar a indagar se o país pode ter um MPFR que seleciona alvos. E a minha resposta é: “não”! Mas não podemos ter um presidente da Câmara com contas secretas na Suíça.
Por Reinaldo Azevedo
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