A troca do fornecedor de fibras ópticas para o projeto Amazônia Conectada deve empurrar o cronograma do Exército para a próxima etapa: os 220 km de fibras entre Coari e Tefé, com um cabo sob o rio Solimões. A mudança, no entanto, foi uma imposição orçamentária. Diante de cortes que reduziram o disponível para R$ 15 milhões, a saída foi trocar o fornecedor instalado no Brasil por uma empresa da Noruega.
O processo de compra internacional foi a saída para o aperto financeiro de um projeto que nasceu estimado em R$ 1 bilhão, mas agora cabe em R$ 500 milhões. Segundo o Exército, a norueguesa Nexans apresentou um preço até 60% mais baixo que da multinacional instalada no país. A própria duração do processo e o prazo de entrega implica que as fibras só chegarão no fim do ano. Com isso, o próximo trecho do projeto, até Tefé, só deve ficar pronto em meados de 2016.
Essa parcela está orçada em R$ 15 milhões e, em princípio, esses recursos estão já garantidos pelo governo federal. Como explica o vice-chefe de Tecnologia da Informação e Comunicações do Exército, general Antonino dos Santos Guerra, a busca agora é pelos R$ 100 milhões da etapa que se pretende em seguida: continuar a partir de Tefé com o lançamento de fibras pelo Solimões até Tabatinga, na fronteira com a Colômbia.
“É o maior projeto de fibra subaquática no mundo. Mas a fabricação da fibra vai demorar e vamos chegar a Tefé em meados do ano que vem”, reconhece Santos Guerra. Além da rota pelo Solimões, outro tronco sobe o rio Negro até São Gabriel da Cachoeira. Um terceiro segue a rota do rio Madeira, até Humaitá. Os outros dois são entroncamentos do Solimões pelos rios Juruá e Purus. Ao todo, 52 municípios e quase 4 milhões de pessoas. Mas pode ser até mais. “Queremos chegar atender a 13 milhões de pessoas hoje desconectadas”, diz o general.
O Exército envolve inicialmente o próprio Exército e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Cada um deve ficar com um dos pares de fibras do cabo subfluvial. Além deles, a empresa de processamento de dados do Amazonas, a Prodam e a Telebras também devem se envolver no Amazônia Conectada, mas ainda não foi estabelecida a governança sobre essa infraestrutura.
“Nossa necessidade é uma fração da capacidade total. Mas essa infraestrutura pode atender toda uma região isolada. Hoje, uma pessoa em Tefé tem que pagar R$ 8 mil por 1 Mbps. Se abrirmos essa rede, haverá interessados. Mas essa negociação não deveria ficar com o Exército. Seria melhor se isso ficasse com a Telebras”, diz Santos Guerra. A estatal, por enquanto, refuta assumir todo o cabo submarino, preferindo usar sua cota, ou seja, seu par de fibra.
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