Produtos como adubos orgânicos, ração, fertilizantes e couro para sapatos, bolsas e outros acessórios poderão ser feitos a partir de resíduos de peixe
O Governo do Amazonas reuniu, nesta quinta-feira (2), empresários e agentes envolvidos na cadeia produtiva do pescado para discutir o aproveitamento dos resíduos de peixe, que atualmente são descartados por produtores e feirantes, na fabricação de produtos como adubos orgânicos, ração, fertilizantes e couro para sapatos, bolsas e outros acessórios. Por ano, apenas em Manaus, em média sete mil toneladas de peixe são jogadas fora pelo setor pesqueiro por falta de uso.
As discussões ocorreram durante o 1º Encontro de Negócios de Resíduos Sólidos Orgânicos, realizado pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), dentro da programação estadual da Semana de Meio Ambiente. Além de dinamizar a cadeia produtiva do pescado, fabricar produtos a partir dos resíduos do peixe é uma maneira de impedir que o material seja descartado irregularmente no meio ambiente.
"Os resíduos do processamento de pescado não podem ser descartados diretamente na água ou no solo, em lixões ao céu aberto, conforme prevê a legislação. A gente precisa observar o que está na lei, garantir o seu cumprimento, mas acreditamos que criar meios para que o resíduo de uma atividade se constitua em matéria prima para outra é uma contribuição importante", afirmou o presidente do Ipaam, Antônio Stroski.
Estruturação do setor pesqueiro – Ano passado, o Governo do Estado deu o primeiro passo na estruturação do setor pesqueiro local para o aproveitamento dos resíduos, ressalta o presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Valdelino Cavalcante. Para atender a uma empresa de calçados interessada em adquirir o couro dos peixes amazônicos, o Governo articulou a instalação de outra empresa, que faz o processamento do couro.
Segundo Cavalcante, para o ano que vem, quatro empresas que beneficiam os resíduos do pescado devem se instalar no Amazonas para utilizar o material que atualmente é desperdiçado pelos produtores e feirantes. "São empresas de São Paulo e do Rio Grande do Sul que vão produzir adubos organominerais para a nossa agricultura e processar o couro do peixe", disse.
Aumento de produção e redução de desperdício – Além disso, a Secretaria Estadual de Pesca e Aquicultura (SEPA) também estuda alternativas para aumentar a produção e reduzir o desperdício. Uma delas é o Projeto de Desenvolvimento da Agricultura e dos Recursos Pesqueiros, realizado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos, do Governo Federal, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
"Esse trabalho estuda formas de aproveitar o pescado diversificando sua forma de consumo, através de subprodutos como o filé, o hambúrguer de peixe, o enlatado, triturado para merenda escolar. Ele também engloba o aproveitamento do couro, da bexiga e das escamas para artesanato", disse o secretário estadual de Pesca e Aquicultura, Geraldo Bernardino.
Segundo Bernardino, atualmente o Estado produz 165 mil toneladas de peixe, por ano. A redução do desperdício pode aumentar em até 10% esse quantitativo. "O desperdício é concentrado na captura, por causa da longa distância até chegar ao centro consumidor, e da forma de acondicionamento no transporte nos barcos e, até, por causa do tempo de comercialização. Basicamente, 15 espécies que são utilizadas comercialmente, as outras não têm muito valor comercial e são descartadas para o consumo, o que também é uma forma de desperdício", disse.
Fotos: Alfredo Fernandes/AGECOM
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