UMA FAMÍLIA ORFÃ

Tragédia pessoal, nada mais que isso. Não é hora de fazer especulações espirituosas, nem de engendrar discussões filosóficas sobre o ocorrido. É hora de ser solidário.

Uma família inteira ficou órfã. Pessoas perderam seus entes queridos em uma tragédia inesperada. Pais e filhos morreram. Devido a todo o trabalho para dar o apoio as famílias enlutadas, não tive muito tempo para parar e pensar ou fazer qualquer outra coisa a não ser trabalhar para que tudo corresse bem.
Já depois das 12 horas do dia de hoje, dois momentos fizeram a ficha cair sobre o tamanho da tragédia. 

Um momento foi quando me relataram como a secretária Joelma foi encontrada. Não suportei, desabei: chorei por ela, pois a imagem daquela mulher determinada, jovem, bonita, dedicada, trabalhadora e feliz não era compatível com o que me foi narrado. Chorei por ela, pois era minha amiga e de minha esposa, convivia profissionalmente com ela.

Outro momento, foi na hora em que chegaram os primeiro corpos. Estava ajudando na disposição em que seriam enterradas as famílias. Cada pai e mãe perto de seus filhos. Por um momento fiquei em pé sobre o barro escavado dos túmulos, olhei a extensão das valas cavadas para receber as vítimas. Fui acometido de uma aflição silenciosa. Foi preciso conter as lágrimas na frente de todos, coloquei as mãos sobre o rosto e fiz uma prece. Aquela visão de tantos túmulos de uma vez só, de tantas pessoas da mesma família me derrubou. Voltei ao ginásio Geraldo Granjeiro.

Uma família que ficou órfã. A dor irreparável da perca de vidas humanas só nos faz lembrar de nossas fragilidades e de quanto devemos valorizar aquilo que é bom, porque tudo pode acabar de um momento para outro.

Não pondero os desígnios divinos, pois nascemos com uma certeza: vamos morrer... De forma natural ou não, um dia vamos morrer. A morte não é um castigo, é um destino certo. Isso ocorre a adultos e crianças, a rico e a pobres, a todos. Só ainda não nos acostumamos e nem vamos nos acostumar com a dor da perca. 

Não é na morte que vejo Deus. Vejo Deus no consolo que é possível... Na força tirada do caos e colocada nos corações feridos para suportar a dor. Vejo Deus sarando as feridas provocadas pela partida de quem amamos. Vejo Deus nos dando forças para acompanhar nossos entes queridos até o túmulo sem que desistamos da vida. Vejo Deus quando abrimos os nossos olhos no dia seguinte, recordando o que passou, mas nos mostrando que temos que seguir, mesmo diante das maiores dificuldades: de tal forma que vivamos todo o bem que possamos viver até que um dia partamos também e sejamos recebidos por seus santos anjos. Aí, vejo Deus!

Daniel Maciel

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1 Comments:

  1. Parabéns pelos comentarios sobre esse triste acidente. Sou Jornalista do paraná e acompanhei o caso pela net e Tv.
    Seus artigos são muito bons...um abraço...amigo quem sabe um di vou conhecer essa cidade.

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