Se Moro cometeu algum erro, terá valido a pena para salvar Brasil da corrupção, diz Doria




Laís Alegretti - @laisalegretti - Da BBC News Brasil em Londres

09/07/2019 14h05

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), é bastante enfático ao defender a atuação de Sergio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública, como juiz federal responsável pelos casos da Operação Lava Jato em Curitiba.

O hoje ministro tem sido alvo de questionamentos e críticas depois que o site The Intercept Brasil publicou uma série de mensagens privadas atribuídas a ele e a procuradores da força-tarefa, nas quais orienta investigadores a mudar ordens de fases da investigação, incluir provas e vazar delações.

Sobre o teor do material divulgado, Doria afirma que não deixa de apoiar Moro mesmo que o conteúdo tenha sua veracidade comprovada.

"Tenho grande respeito pelo ministro e pelo ex-juiz Sergio Moro. E acho que, se algum erro foi cometido - isso ainda precisa ser apurado, dado que até o presente momento o vazamento desses áudios não são legais -, entendo que, mesmo assim, o benefício daquilo que foi feito pela Operação Lava Jato para salvar o Brasil da corrupção e de um extenso período que prejudicou milhões de brasileiros e assaltou os cofres públicos faz com que eu mantenha meu respeito por Sergio Moro", disse à BBC News Brasil em Londres, onde se reuniu com investidores.

Questionado se as ações de Moro teriam valido a pena, caso os diálogos sejam reais, Doria afirma: "Na minha visão, sim".

Ao longo da entrevista, Doria também falou sobre seus planos para a próxima eleição presidencial ("é hora de gestão, não é hora de eleição") e criticou o mecanismo de reeleição no Brasil, ao comentar a possibilidade aventada pelo presidente Jair Bolsonaro para 2022.

"Todos os governadores e presidentes que foram reeleitos não cumpriram em seu segundo mandato uma tarefa melhor do que cumpriram em seu primeiro mandato. A instituição da reeleição é legítima, democrática, mas no Brasil ela não costuma funcionar bem", afirmou Doria.

Doria, que deixou a prefeitura de São Paulo após um ano e três meses à frente do cargo para se candidatar ao governo do Estado em 2018, disse que "muitas vezes" um governo, antes de chegar à metade, já está se mobilizando por uma reeleição.

Sobre os primeiros seis meses do governo Bolsonaro, Doria diz que a relação com o Congresso "poderia ter sido melhor". "Mais paz no PSL vai ajudar o governo a viver em paz também", afirmou.

Apesar dos problemas de diálogo entre Executivo e o Legislativo, na opinião de Doria houve um entendimento entre os envolvidos e a reforma da Previdência será aprovada pelo Congresso até setembro.

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