Escrevi ontem um post cujo título é este: “Primeira pergunta já tem resposta: ‘Quando vão pegar a Odebrecht?’. A segunda segue sem resposta: ‘Quando vão pegar Lula?’”. Leio agora na Folha que Lula diz a aliados que é ele o próximo alvo da Lava-Jato. O alarme soou no Palácio do Planalto. Se “pegarem” Lula, é claro que o governo Dilma vai junto. O ex-presidente está recorrendo a uma tática: ao anunciar que pretendem atingi-lo, denuncia uma suposta perseguição, buscando, então se proteger. Será que vai ser bem-sucedido? Vamos ver.
A Operação
Lava-Jato segue, afinal, com o seu mistério, não é? Os políticos mais
graduados que estão sob investigação são o deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje, respectivamente,
presidentes da Câmara e do Senado. À época em que teriam cometido as
irregularidades de que são acusados, nem exerciam essa função.
Se a
Lava-Jato fosse um romance policial, seria de péssima qualidade porque o
roteiro é inverossímil a mais não poder. Que se cometeram crimes em
penca, não há a menor dúvida. Um simples gerente de Serviços se dispôs a
devolver US$ 97 milhões. Naquele ambiente de esbórnia, dá para imaginar
o que não terão feito os que tinham o mesmo caráter que ele, mas com
mais poder.
Quando se
olha a lista das pessoas sob investigação, os leitores desse romance
seriam convidados a acreditar que um esquema multibilionário de fraudes
foi urdido por uns dois ou três políticos à época de médio porte, um
monte de parlamentares de terceira linha — a maioria ligada ao PP, um
partido que é periferia do poder, um grupo enorme de empreiteiros
malvados mais alguns diretores larápios. E pronto! Desde que a operação
começou, em março do ano passado, pergunto: CADÊ O PODER EXECUTIVO? Não
existe. É impressionante, mas nem José Sérgio Gabrielli, presidente da
Petrobras no período daquela soma de desatinos, é investigado. E olhem
que poucos presidentes da estatal foram tão autocráticos como este
senhor.
É evidente
que essa história não fecha! Então as empreiteiras teriam se unido num
cartel para assaltar a Petrobras. Para que prosperassem no seu intento,
tinham de contar com a colaboração de diretores safados. Eis que os
safados estão lá, do outro lado do guichê, devidamente nomeados pelo…
Poder Executivo, certo? Tudo coincidência, né? As empreiteiras
cartelizadas teriam tido a sorte de os políticos terem nomeado
justamente os larápios de que precisavam. Tenham paciência! Aí se
descobre que boa parte dos desvios era carreada para partidos políticos.
Mas nada de o Executivo entrar na história.
De volta a Lula
É claro que essa narrativa não para em pé, Santo Deus! E é justamente essa inverossimilhança que deixa Lula em pânico. Ele sabe que ninguém com um mínimo de miolos aposta que tudo não passou de um conluio entre empreiteiros, servidores corruptos e políticos sem importância. Algo da magnitude do petrolão não se faz sem a colaboração de alguém — ou “alguéns” — com efetivo poder no governo e na Petrobras.
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