A chuva que atingiu Manaus ontem não causou somente inundações, perdas de móveis e desolação. O temporal também gerou revolta entre cidadãos cansados dos novos capítulos de um antigo drama. Após contabilizar os prejuízos, eles foram às ruas protestar contra a falta de obras de infra-estrutura e saneamento básico que, mais uma vez, fez com que o mês de abril ficasse marcado por uma série de trágédias.
A chuva que causou protestos começou por volta das 23h30. Concentrou-se nas zonas Centro-Sul e Centro-Oeste e durou, aproximadamente, oito horas. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a chuva alcançou a marca de 64,2 mm. A estação de monitoramento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), registrou precipitação de 40 mm, prova de que a chuva não atingiu a cidade da mesma forma.
Os protestos se espalharam pelas avenidas Pedro Teixeira, Loris Cordovil, Desembargador João Machado (Estrada dos Franceses), Darcy Vargas e Coronel Teixeira (Estrada da Ponta Negra). Sofás, camas, colchões e eletrodomésticos foram transformados em uma enorme barricada que bloqueou o tráfego de veículos pela avenida Pedro Teixeira.
O protesto foi realizado em frente à sede da Delegacia Geral, num tom de provocação velada. Lá, os moradores do beco Pedro Teixeira se indignaram com as perdas causadas pela chuva e cobraram o Governo do Estado pelo atraso na retirada das famílias daquela área pelo Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim). “Eles tiraram o pessoal do Igarapé da Sapolândia, mas não tiraram a gente. Nós também somos gente”, gritava a doméstica Mirtes Uchôa, 53.
Os moradores do conjunto Jardim do Éden adotaram tática semelhante, mas foram além. Atearam fogo a um amontoado de móveis estragados e pneus velhos interditando parte do tráfego da avenida Desembargador João Machado, no bairro Planalto. O Igarapé dos Franceses transbordou, alagando casas recém-construídas.
União em protesto
União em protesto
Na triste “tradição” das inundações de Manaus, o bairro da União é cenário quase obrigatório. Homens e mulheres que ainda não tinham conseguido se recuperar dos prejuízos causados pela grande enchente do ano passado se depararam com a subida das águas outra vez.
Na rua Barreirinha, a indignação se manifestou em forma de barricada na ponte sobre o Igarapé do Bindá. Durante todo o dia, nenhum carro passava por ali. O técnico de refrigeração Genival Oliveira Silva, 42, teve um prejuízo de quase R$ 13 mil com os 15 motores de geladeira que a alagação danificou. “Eu tinha que entregar esse material nesta semana e não sei o que vou fazer. Já avisei o meu chefe, mas não sei se ele vai querer pagar”, conta.
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