Reportagem de VEJA desta semana mostra que o operador financeiro do mensalão já começou a falar o que sabe ao Ministério Público. Ele tratou do caso Celso Daniel e avisou que há mais o que contar
Valério contou ao MP detalhes envolvendo o assassinato de Celso Daniel
(CRISTIANO MARIZ)
Em setembro, VEJA trouxe à tona alguns dos segredos guardados por Marcos Valério, operador financeiro do mensalão. Entre eles, a informação de que o ex-presidente Lula teve papel de protagonista
no esquema. Pouco depois, o empresário informou o STF, por meio de um
fax, que estava disposto a contar o que sabe. Ele também foi ouvido pelo
Ministério Público. Reportagem da revista que chega às bancas nesta
sexta-feira revela o que Valério disse ao MP, na tentativa de obter um
acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um
crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios. À
procuradoria o empresário informou, pela primeira vez, ter detalhes
sobre outro caso escabroso envolvendo o PT: o assassinato do prefeito de
Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.
O relato do publicitário é de que Lula e seu braço-direito Gilberto Carvalho
(atual secretário-geral da Presidência) estavam sendo extorquidos por
figuras ligadas ao crime de Santo André – em especial, o empresário
Ronan Maria Pinto, apontado pelo Ministério Público como integrante de
um esquema de cobrança de propina na prefeitura. Procurado pelos
petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, Valério
recusou: "Nisso aí, eu não me meto", disse ele em um encontro com Sílvio
Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan. Quem relata é o próprio
publicitário.
O operador do mensalão afirma que não aceitou entrar no jogo, mas sabe
quem acertou as contas com Ronan: um amigo pessoal de Lula,
utilizando-se de um banco não citado no esquema do mensalão.
Mais "bombas" – As declarações são apenas parte do
arsenal de Valério. Como VEJA havia mostrado já em setembro, o
publicitário, que diz temer por sua vida, cogita trazer à luz detalhes
sobre o envolvimento de Lula no esquema do mensalão. Mais do que isso:
diz ser capaz de desvendar o mistério sobre a origem do 1,7 milhão de
reais apreendidos pela Polícia Federal no escândalo do dossiê dos aloprados, em 2006. E de dar detalhes comprometedores sobre a participação do ex-ministro Antonio Palocci na arrecadação de recursos para o caixa do PT.
Valério foi condenado a 40 anos de prisão. É
provável que sua delação tardia não tenha grandes efeitos sobre a pena
que terá de cumprir. Mas pode ajudar o país a resolver questões que
ficaram sem resposta nos últimos anos.
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