DOCE EXÍLIO

*ARTHUR VIRGÍLIO

Após as violências e irregularidades do recente processo eleitoral, que serão examinadas pela Justiça, agradeço ao Amazonas as oportunidades que jamais me negou: três vezes deputado federal, líder do governo Fernando Henrique, Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. Senador e líder do PDSB por oito anos. Prefeito de Manaus.

Os postos que atingi derivaram do voto. Menos o que conquistei no concurso para o Instituto Rio Branco. Devo a vida pública aos meus conterrâneos. Dedico aos meus pais as vitórias acadêmicas e à tia Josefina Rosa de Castro, que custeou as aulas particulares do vestibular para a Diplomacia, a independência de que desfruto hoje.

Ofereceram-me secretarias em São Paulo, Paraná. Pará e Goiás. Neste, o plano era ir para a secretaria do Entorno com Brasília e, em 2014, disputar o governo do DF, instado que fui pela Executiva do PSDB local.

Disse não, como já havia denegado transferir, em 2004, o domicílio eleitoral para o Rio, para disputar sua prefeitura: meu destino é do Amazonas.

Convidaram-me a participar de Conselhos de Administração de empresas estatais. Bons jetons, obrigação de comparecer uma vez por mês. Pois poupei a mim próprio e a companheiros leais de justas críticas da imprensa. Fui Ministro e não participei de Conselhos quaisquer.

Sigo para Portugal dia 15 próximo para cumprir deveres funcionais. Continuarei escrevendo em 60 jornais e blogs brasileiros. Brevemente retornarei ao Amazonas, minha vida e paixão.

Os tempos recentes me revelaram pessoas. Conheci ainda mais minha esposa e meus filhos. O mais velho, Arthur Bisneto, mostrou lealdade e amor que registro com orgulho.

Doce exílio. No Amazonas desejo viver e morrer.



*Diplomata

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