da Folha Online
Após ouvir 14 pessoas arroladas pela defesa e pela acusação, o juiz José Carlos de França Carvalho Neto, da Vara do Júri e Execuções Criminais de Santo André (Grande São Paulo), decidiu nesta quinta-feira que Lindemberg Alves, 22, deve ser levado a júri popular. Ele está preso desde outubro do ano passado, quando manteve a ex-namorada refém por cerca de cem horas. Eloá Pimentel, 15, foi baleada no desfecho do cárcere privado e não resistiu aos ferimentos.
A defesa de Lindemberg recorreu da sentença. A advogada Ana Lúcia Assad afirma que houvecerceamento de defesa.
Ainda não há data marcada para o julgamento. Inicialmente, o promotor Antonio Nobre Folgado estimava que o júri pudesse ocorrer dentro de três meses. No entanto, devido ao recursoapresentado pela defesa do rapaz, a expectativa é de que o julgamento ocorra até janeiro de 2010.
Arquivo pessoal |
Eloá Cristina Pimentel,15, foi morta após ficar cerca de cem horas refém pelo ex-namorado em Santo André, na Grande SP, em 2008 |
Nesta quinta, cinco pessoas arroladas pela acusação foram ouvidas --o irmão de Eloá, três amigos da menina que também foram rendidos por Lindemberg, e um policial militar. À tarde, nove testemunhas arroladas pela defesas também prestaram depoimento, entre elas três policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).
Lindemberg, no entanto, preferiu não falar ao juiz. "Prefiro me manter calado nesta oportunidade", disse.
Durante os depoimentos, Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, disse em frente ao fórum que queria ver Lindemberg, mas que o rapaz não teve coragem de olhar em seus olhos. "Ele sabe que é culpado e poderia ter evitado isso [a morte de Eloá]". "Ele é frio. Vim para ter a certeza de tudo o que ele fez. Eu o tratava como um filho. Ele era praticamente da família", afirmou Ana Cristina, que chorou.
Depoimentos
Os depoimentos desta quinta começaram com as as pessoas arroladas pela acusação. Nayara foi a primeira a falar. Por aproximadamente uma hora e quarenta minutos, ela contou como conheceu Eloá, falou sobre os primeiros momentos do cárcere privado, confirmou que Lindemberg insistia com a garota para retomar o namoro e afirmou que voltou ao apartamento --após ter sido libertada porque viu a amiga sob ameaça de uma arma.
Rivaldo Gomes/Folha Imagem |
Ana Cristina, mãe de Eloá, chora em frente ao fórum de Santo André, durante depoimentos de testemunhas do caso Eloá |
Além de Nayara, o juiz ouviu dois adolescentes --amigos de Eloá e que também estavam no apartamento quando Lindemberg invadiu o imóvel.
Acompanhado do pai, um deles afirmou que, com o fim do namoro, Lindemberg passou a trafegar várias vezes de moto em frente à escola onde estudava Eloá, o que não ocorria durante o relacionamento. Disse, ainda, que Lindemberg batia no rosto e puxava o cabelo da adolescente durante o cárcere, principalmente quando era contrariado.
O outro garoto prestou depoimento das 11h25 às 11h50, acompanhado da mãe e de uma psicóloga. Os três jovens preferiram falar sem a presença de Lindemberg.
À Justiça o sargento da PM Atos Antonio Valeriano disse que Lindemberg estava agressivo nas horas seguintes ao início do cárcere. Na primeira noite, o rapaz disparou, da janela do apartamento, um tiro em direção ao policial, que foi afastado das negociações.
Ewerton Douglas Pimentel, irmão de Eloá, foi a última testemunha de acusação ouvida, das 12h15 às 12h35.
À tarde, nove pessoas arroladas pela defesa foram ouvidas: três policiais militares do Gate que participaram do desfecho do caso e confirmaram à Justiça que ouviram um tiro antes de invadirem o apartamento.
17.out.2008/Folha Imagem |
Lindemberg Fernandes Alves, 22, é preso após PM invadir apartamento; ele é acusado de homicídio duplamente qualificado |
Em um período de 25 minutos, outras seis pessoas, amigos e vizinhos de Lindemberg, também foram ouvidas.
Avelino Nascimento da Silva, Robson Muriel dos Santos, Romerio Francisco de Queiroz Oliveira, Diego Cordeiro dos Santos Silva, Dari Rodrigues da Silva e Elton Nogueira disseram ao juiz José Carlos de França Carvalho Neto, da Vara do Júri e Execuções Criminais de Santo André (Grande São Paulo) que Lindemberg era trabalhador e tinha uma boa conduta.
Acusação
Inconformado com o fim do namoro de mais de dois anos, Lindemberg decidiu render a ex-namorada no dia 13 de outubro, ao invadir o apartamento dela, em um conjunto habitacional do Jardim Santo André, em Santo André.
O rapaz responde pelos crimes de homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), tentativa de homicídio (contra Nayara Rodrigues, amiga de Eloá e que também foi rendida), cárcere privado e disparo de arma de fogo.
Com CLAYTON FREITAS e MARINA NOVAES, da Folha Online. Colaborou LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano daFolha Online
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