
Advogados pedirão liberdade de Roberto Cabrini
Publicada em 17/04/2008 às 10h23m
Diário de S.Paulo, O Globo OnlineSÃO PAULO - Advogados contratados pela TV Record entraram nesta quarta-feira com um pedido de relaxamento da prisão em flagrante ou a concessão da liberdade provisória para o jornalista Roberto Cabrini. Ele foi preso na noite de terça-feira, no Jardim Angela, com 10 papelotes de cocaína. O jornalista foi transferido ontem do 100 Distrito Policial, no Jardim Ângela, para o 13 Distrito Policial, na Casa Verde, destinado a presos com curso superior, onde permanece preso. Ele
afirmou, em nota, que está sendo vítima de uma 'armação'.
- Ele não é usuário e não é traficante. Ele é jornalista. O que faria um jornalista bem pago ir até a favela, um dos lugares mais distantes de São Paulo, para comprar drogas? - afirmou o advogado Renato Marques Martins, que foi contratado para defender o jornalista e o visitou nesta quarta.
A Record divulgou nota em que diz ter conhecimento do trabalho que vinha sendo realizado por Cabrini.
"A área de jornalismo da Record tinha o registro interno que o repórter estava desenvolvendo uma reportagem de caráter investigativo. Roberto Cabrini é reconhecido pela cobertura de reportagens especiais e por sua trajetória profissional nas principais TVs brasileiras. A Record acredita na polícia e na Justiça do Estado de São Paulo e espera a correta elucidação dos fatos."
Em seu depoimento, Cabrini disse que foi se encontrar com Nadir Domingos Dias da Silva, conhecida como Nádia, que era sua fonte e lhe entregaria gravações nas quais apareceria um depoimento de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe da facção criminosa que comandou ataques terroristas a São Paulo.
A fita, segundo ele, demonstraria autenticidade da entrevista que fez em maio de 2006. Naquele ano, durante os ataques, o jornalista colocou no ar um áudio que seria entrevista com Marcola, que estava preso na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes. A Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que não se tratava de Marcola e a entrevista foi desmentida. Cabrini não havia se pronunciado sobre o assunto desde então.
"Jamais parei de investigar e, apesar das inúmeras pressões, sempre tive certeza da autenticidade da entrevista que efetuei em maio de 2006 com o líder da facção, Marcos Camacho."
Ao chegar para pegar as fitas, ele teria sido abordado por policiais, que teriam achado a droga no carro. Cabrini diz que o policial achou a droga em menos de 3 segundos. O jornalista diz ainda que o delegado disse que tinha prova que ele era usuário de droga e queria que ele assumisse no depoimento que era amante de Nadir. Como ele não o fez, teria sido preso por tráfico de drogas.
O jornalista diz que existe uma fita na qual ele aparece usando droga e que ele foi obrigado a consumir cocaína sob ameaça de armas. A cena teria sido gravada por Nadir para garantir que Cabrini não a denunciasse.
A comerciante Nadir Domingos Dias, de 50 anos (conhecida como Nádia pelos amigos), disse à polícia que apenas ela estava no carro de Cabrini com o jornalista quando ele foi preso e que ele não estava fazendo qualquer reportagem. "Somos namorados há três anos", afirmou. Cabrini negou a relação.
Nadir diz que queria terminar o namoro e o jornalista a chantageava com um documento que a associaria à facção criminosa que realizou ataques a São Paulo. Ela afirmou ainda que o jornalista usava droga.
O encontro, segundo ela, teria sido marcado para que ele lhe devolvesse o documento comprometedor. Em troca, ela daria ao jornalista um pen-drive (dispositivo de armazenamento de dados digitais) com as imagens dele usando drogas, para que a "chantagem mútua" - conforme ela definiu - acabasse. O pen-drive foi apreendido pela polícia.
Já o jornalista contou que conheceu Nádia apenas depois do ataque do crime organizado. "(...)Havia uma senhora que tinha entrado em contato com a redação oferecendo-se para possibilitar que o lado dos presos fosse ouvido", disse Cabrini em depoimento à polícia.
A comerciante admitiu que já foi absolvida de um caso de homicídio, em que teria tomado a arma de uma ladrão e atirado em sua cabeça. Nádia contou que, no dia da prisão de Cabrini, estava com ele desde as 14h.
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